Muito se fala a respeito do câncer, principalmente sobre possíveis fatores de desenvolvimento e cura da doença. Mas, em meio a tantas informações, você sabe dizer o que é verdade e o que é mito?
Em minha experiência como cirurgiã oncológica, voltada principalmente ao público feminino, acabo por lidar com diversas inverdades e enganos sobre o assunto.
Por isso, neste artigo desmistifiquei algumas destas informações falsas para que possamos combater o câncer de forma consciente e inteligente! Veja só:
1. EXISTEM ALIMENTOS QUE PODEM CURAR O CÂNCER
Embora existam alimentos ricos em nutrientes que fortalecem o nosso organismo e/ou o protegem contra o desenvolvimento de possíveis tumores, não é possível eliminar o surgimento de lesões malignas com alimentos ou nutrientes específicos.
O tratamento do câncer é feito, de uma forma geral, com quimioterapia, radioterapia, intervenções cirúrgicas e uso de medicações específicas - na maioria das vezes, é realizada uma combinação desses procedimentos.
Vale lembrar, no entanto, que o paciente de câncer deve seguir uma dieta saudável e equilibrada conforme as orientações de seu médico.
2. AS ONDAS DE MICRO-ONDAS PODEM CAUSAR CÂNCER
A radiação que os aparelhos de micro-ondas emitem tem a função exclusiva de cozinhar os alimentos e, por isso, não é capaz de alterá-los quimicamente. Isto é, os alimentos que passam pelo forno micro-ondas não "absorvem" essa radiação, apenas são aquecidos por ela.
Não é mito que essa radiação seja possivelmente cancerígena. Porém, ela não extravasa o ambiente exterior, pois os aparelhos são feitos para contê-la integralmente. Isso significa que o ser humano não é atingido por estes raios.
Nesse sentido, os micro-ondas danificados, principalmente com defeitos ou rachaduras na porta, não devem ser utilizados ou precisam ser consertados.
3. FUMAR PODE CAUSAR APENAS TUMORES RESPIRATÓRIOS
Embora fumar seja a principal causa dos cânceres de pulmão e laringe, ele também é o principal fator de risco para tumores de faringe, cavidade oral e esôfago e está relacionado com o desenvolvimento de lesões malignas na bexiga, pâncreas, útero, rins, estômago e figado, além de estar ligado a alguns tipos de leucemia (câncer que ocorre na formação das células sanguíneas).
É importante frisar ainda que não é apenas o cigarro que causa estes tumores malignos. Cachimbos, charutos, narguilés e outros fumígeros também estão inclusos.
4. MAMOGRAFIA CAUSA CÂNCER
A mamografia utiliza raios X no rastreamento do câncer de mama. Diferente do que fora divulgado num vídeo que recentemente viralizou na Internet, o risco associado à exposição a este tipo de radiação é mínimo, principalmente quando comparado ao benefício obtido pelos exames feitos na frequência correta.
5. ALGUNS TIPOS DE CÂNCER SÃO CONTAGIOSOS
Nenhum tipo de câncer é contagioso, ou seja, transmissível de alguma forma para as pessoas ao redor, nem mesmo os causados por vírus.
O que pode ocorrer é a transmissão dos vírus oncogênicos - estes que propiciam o desenvolvimento de lesões malignas. Um exemplo destes agentes é o papiloma vírus humano, o HPV, que é transmitido sexualmente e é a principal causa do câncer de colo de útero e pode estar associado a outros tumores como os de canal anal e boca.
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6. PESSOAS COM VIRUS DO HPV SEMPRE DESENVOLVERÃO CÂNCER
Existem cerca de 150 tipos de HPV e nem todos estão relacionados ao surgimento de câncer - o de colo de útero, por exemplo, está geralmente associado aos tipos 16 e 18.
Ainda assim, é possível contrair algum subtipo do papiloma vírus humano oncogênico e, fazendo seus exames de rotina adequadamente, não desenvolver quadros malignos.
Veja mais detalhes neste artigo.
7. O USO DE ANTICONCEPCIONAL AUMENTA OS RISCOS DE TUMORES GINECOLÓGICOS
Na verdade, estudos mostram que o uso contínuo e correto de pílulas anticoncepcionais, por no mínimo 5 anos, diminui os riscos de câncer de ovário.
O câncer de mama pode ter alguma relação, mas pesquisas mostram relação estatística muito pequena. Se você possui fatores de risco de tumores nas mamas, o uso de anticoncepcionais tem que ser avaliado pelo médico.
O uso de quaisquer métodos contraceptivos deve ser indicado e acompanhado pelo seu ginecologista com a finalidade de escolher o mais adequado para você.
* Com informações do INCA, Instituto Oncoguia, Fundação do Câncer e Hospital do Câncer de Barretos.