Quando mulheres em idade fértil são diagnosticadas com algum tipo de câncer ginecológico, como o de colo de útero e o de ovário, por exemplo, é muito comum que uma dúvida surja: poderei engravidar depois do tratamento do câncer?
Essa questão sempre acaba chegando em meu consultório e, antes de conversarmos detalhadamente sobre esse assunto, é importante considerar que uma resposta definitiva deve ser dada analisando cada caso de câncer ginecológico.
Isto é, há muitas variáveis que precisam ser avaliadas para entendermos se a mulher poderá ou não engravidar após curar-se de uma lesão maligna.
Nesse sentido, um dos principais pontos considerados é a forma de tratamento do câncer.Atualmente, os três recursos mais comuns são a quimioterapia, a radioterapia e as cirurgias- muitas vezes ocorre a combinação de mais de uma técnica.
As formas de tratamento, por sua vez, são determinadas diante de diversos fatores, como a localização da lesão, o estágio do câncer, a dimensão do tumor, o comprometimento de tecidos e órgãos etc.
Como os tipos de tratamento do câncer interferem numa possível gestação?
Em alguns casos, é preciso que a mulher faça a retirada total ou parcial de órgãos reprodutivos para tratar das lesões malignas. No caso da histerectomia total, por exemplo, onde todo o útero é retirado, uma posterior gravidez não será mais possível.
Felizmente, a técnica não corresponde à totalidade dos casos e, mesmo diante de uma cirurgia, ainda é possível que a mulher passe pela gestação. Em caso de tumores iniciais de colo de útero, pode ser realizada uma cirurgia com retirada apenas do colo, preservando o corpo do útero mantendo a possibilidade de gravidez com os devidos cuidados. Em tumores de ovário, também iniciais, que acometem apenas um dos ovários, é possível a retirada apenas do ovário doente, preservando o outro para uma gravidez. O médico é quem deverá avaliar cada situação.
Além disso, algumas cirurgias, a quimioterapia e sobretudo a radioterapia podem induzir à menopausa precoce. Nesses casos, a fertilidade da mulher é comprometida, mas também pode ser contornada pela técnica in-vitro, a depender de cada situação.
E engravidar durante o tratamento, é possível?
Biologicamente, é altamente possível que a mulher engravide. Porém, independente do tratamento orientado pelo médico oncologista, o indicado é que a mulher aguarde o processo para tentar uma gestação. Embora haja formas de assegurar a saúde do bebê e da paciente, é importante poupar ambas as partes de possíveis desgastes.
Se a mulher estiver grávida e descobrir um câncer ginecológico, o que fazer?
A medicina também encontra maneiras de proteger o bebê nessas ocasiões.
A radioterapia é o único procedimento descartado integralmente, porém, a quimioterapia pode ser administrada a partir do terceiro mês de gestação e as cirurgias efetuadas, respeitando os limites e detalhes de cada caso, é claro.
No geral, podemos considerar as chances de engravidar depois de um tratamento de câncer ginecológico são satisfatórias. Mas cada caso deve ser individualizado, sempre pensando em segurança para a mulher e pesando isso com o desejo gestacional.
Se você está passando por essa dúvida, estando em tratamento ou curada, informe-se com um médico de confiança sobre o seu caso. É importante que ele conheça o histórico do seu quadro detalhadamente para poder te orientar adequadamente!