De acordo com o Observatório de Oncologia, as chances de um paciente de câncer desenvolver depressão varia entre 22 e 29%. No artigo de hoje, vamos entender porque isso ocorre e como lidar com uma relação tão delicada, mas que pode ser totalmente administrada.
Uma pesquisa do Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) aponta que quase 50% das pessoas com câncer desenvolve algum tipo de transtorno psiquiátrico, como, além da depressão, os distúrbios de sono e de ansiedade.
Embora o índice seja alto, o estudo afirma que apenas 2% recebe atendimento especializado.
Ou seja, cerca de 98% dos pacientes de câncer não recebe tratamento para a saúde mental durante o combate às lesões malignas. O que, além de gerar sofrimento, prejudica a própria terapia contra o câncer.
Assim como a saúde do corpo, a mente merece atenção especial e intensiva nesse momento.
Afinal, tudo está conectado. Os sintomas ou consequências da depressão podem prejudicar o bem-estar físico do paciente: por exemplo, o quadro depressivo costuma acarretar na perda de apetite e de peso, condições que fragilizam o organismo do paciente oncológico, dificultando o tratamento e/ou debilitando sua saúde, de uma forma geral.
A medicina entende que o comprometimento do tratamento do câncer é fortemente atingido pelas emoções e sentimentos do paciente.
Por isso, diante da depressão, a tristeza, a melancolia e os pensamentos negativos "jogam contra" a melhora clínica.
Segundo reportagem da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, depressivos têm um risco aumentado em 2,6 vezes de ter o combate ao câncer prejudicado.
Algumas pesquisas apontam, inclusive, que a depressão ocasiona ou influencia a mortalidade por câncer. Uma análise da Universidade College London, publicada no British Medical Journal, aponta que pacientes de quadros depressivos e de ansiedade, por exemplo, têm maiores chances de morrer de câncer de intestino, próstata, pâncreas e esôfago.
Mas, diante de tantos dados alarmantes, como podemos lidar com essa situação e proteger a saúde mental dos pacientes oncológicos?
Primeiramente, precisamos nos atentar aos sinais da depressão. Afinal, é natural que o diagnóstico do câncer venha acompanhado - principalmente na fase inicial, de descoberta - de sentimentos tristes e, por muitas vezes, negativos.
Dica: neste texto falamos detalhadamente sobre como lidar com o momento do diagnóstico.
Por isso, geralmente se observa se estes sinais persistem por duas semanas ou mais.
Os sintomas mais recorrentes da depressão, segundo o Ministério da Saúde, são:
- irritabilidade, ansiedade e angústia
- desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas
- diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer
- desinteresse, falta de motivação e apatia
- sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero e desamparo
- pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima
- sensação de inutilidade, ruína e fracasso
- interpretação distorcida e negativa da realidade
- dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento
- diminuição do desempenho sexual
- perda ou aumento do apetite e do peso
- insônia ou despertar matinal precoce
- dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos
Por isso, para auxiliar o paciente com câncer, é necessário assistir a esses detalhes de perto, analisando sua duração e intensidade. Caso apresente um quadro depressivo, o médico psiquiatra deve ser consultado com prontidão.
Na verdade, é bastante proveitoso que todo paciente de câncer - sobretudo o que já passou por quadros psiquiátricos - receba assistência psiquiátrica ou de um psicólogo.
É o médico psiquiatra quem irá indicar o tratamento ideal para cada paciente!
Se você já enfrenta alguma condição de saúde mental e recebeu o diagnóstico de um câncer, não se esqueça de informar o seu médico oncologista. Como dissemos anteriormente, as condições são integradas: é preciso atentar-se ao todo para ir atrás da cura!